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Masculinidade e justiça

A definição clássica da justiça é dar ao outro o que é do outro. Josef Pieper nos lembra que o homem que melhor merece ser chamado de bom é o justo. Mas para falarmos de virtude da justiça é preciso de algo mais. Digo isso porque até mesmo uma pessoa má consegue realizar um ato de justiça, porém ela não consegue ter a virtude da justiça, pois precisa de uma disposição interna ordenada para fazê-la.

Na Ética a Nicômaco, Aristóteles fala que fazer coisas que o justo faz é fácil, mas executá-las deleitavelmente é coisa muito difícil ao que não tem justiça. A virtude da justiça deságua no outro, mas nasce da interioridade do homem que quer ser bom e esse desejo de bondade alimenta os atos justos.

O homem não pode nunca se esquecer destes pontos: não basta fazer o bem, é necessário querer ser bom! Saber amar a oportunidade de fazer a justiça para que a justiça possa acontecer ordenadamente.

Se a justiça é dar ao outro o que é o do outro, então a virtude da justiça complementa essa definição tornando-a: dar ao outro o que é do outro e amar dar ao outro porque é dele. Para isso é fundamental reconhecer e enxergar o outro na realidade. O homem está em contato com as pessoas; e esse contato é fundamental para que o homem possa crescer e se tornar maduro. Nesse caminho, a justiça é a virtude que diz respeito às nossas ações em relação ao próximo.

Dessa forma, para a virtude da justiça não basta não prejudicar o outro, é preciso dar o que é dele. Trata-se de ordenar-se para o outro. Qual é então a definição de justiça segundo Santo Tomás? Segundo ele, a justiça é o hábito pelo qual, com vontade constante e perpétua, se dá a cada um o seu direito.1

A virtude da justiça regula as ações do homem. Automaticamente a ausência dela faz o homem pender aos atos injustos fazendo-o dever ao outro. Nessa perspectiva, o homem que não honra com seu dever e foge das suas responsabilidades acaba fazendo o outro sofrer pela sua atitude. Sem regular as relações e as ações, o homem se perde dentro da própria história. Perdido, o homem crê que as outras pessoas devem algo a ele e exige que essa justiça (falsa, logicamente) seja feita.

Sem a virtude da justiça o homem se torna um usurpador de méritos que não são seus. A vida será regida contra a verdade das coisas, justamente, porque a justiça não importa. Dessa forma, o homem não consegue sofrer os sofrimentos justos que ele padece.

O injusto entra em uma vida de inimizade. É inimigo da verdade, porque a injustiça tem relação com a mentira; é contra a amizade, pois não dá ao outro o que é dele, por isso, não serve ao outro; é ingrato, porque não reconhece as pessoas importantes dentro da sua história. Em síntese: é injusto com a própria história. 

Alguns exemplos para ilustrar.

. Na virtude da justiça o homem poderá ajudar efetivamente o outro (amigo, esposa, filhos etc.), porque está inteiro nas relações e está pronto para servir.

. Com a justiça o homem não comete, ou diminui consideravelmente, os erros nas relações, afastando a tirania ou a omissão, porque dá ao outro o que é dele. 

. Nessa virtude o homem tende a ser menos vaidoso, pois não quer a atenção dos outros para ele mesmo e sim para a justiça que precisa acontecer.

Exercício prático.

A vida não é só sobre você. Busque fazer atos de justiça e investigue-se para identificar se interiormente tem a alegria de fazer o justo ou se tem ainda um certo desgosto.

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